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Mais de 100 mil na Marcha das Margaridas em defesa da democracia, da soberania e dos direitos sociais

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“Olha Brasília está florida, estão chegando as decididas, olha Brasília está florida, é o querer, é o querer das Margaridas” (canto que ecoou pelas avenidas da capital na grande marcha das mulheres rurais)

O Distrito Federal foi palco de um acontecimento histórico nesta quarta-feira (14). A Marcha das Margaridas, organizada pelo movimento sindical rural com apoio das centrais sindicais e dos movimentos sociais, levou mais de 100 mil pessoas à capital do país numa bela e vigorosa manifestação em defesa da democracia, da soberania e dos direitos sociais, alvos prediletos do governo de extrema direita presidido por Jair Bolsonaro.

Trabalhadoras rurais de todo país realizaram pela manhã uma passeata entre o Pavilhão do Parque da Cidade e o Congresso Nacional reivindicando mais políticas públicas voltadas ao campo, reforma agrária, educação, igualdade, fim da violência contra as mulheres, fortalecimento do SUS e protestando contra a reforma da Previdência, a política entreguista do governo Bolsonaro e os cortes no orçamento público.

A Marcha das Margaridas ocorre desde 2000 e esta foi uma das suas mais expressivas versões. A multidão deixou o Pavilhão do Parque da Cidade por volta das 7h30. De lá, seguiu pelo Eixo Monumental, onde chegou a ocupar todas as faixas da via S1. O tráfego de veículos foi afetado e os principais acessos ao Plano Piloto ficaram engarrafados.

Com o bloqueio do Eixo Monumental, houve congestionamento até a altura de Águas Claras. No balão do Aeroporto Internacional de Brasília, na Estrada Parque Indústrias Gráficas (EPIG) e no Sudoeste, motoristas enfrentaram lentidão.

Às 9h, já na altura da Torre de TV, as manifestantes organizaram a caminhada em três faixas da S1, o que permitiu a circulação de automóveis nas outras três pistas da via. Por volta das 9h50, elas alcançaram o gramado em frente ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados. Lá foi realizado um ato político, encerrado às 12h10. As trabalhadoras rurais deixaram o protesto em ônibus, que ficaram estacionados no Teatro Nacional.

Mulheres do campo

O ato contou com a participação de agricultoras familiares, ribeirinhas, quilombolas, camponeses sem terra ligados ao MST, pescadoras, extrativistas, camponesas, quebradeiras de coco, trabalhadoras urbanas e dos movimentos feministas e de mulheres indígenas.

A professora Maria Regina Romão Barbosa Ferraz, de 57 anos, mora em Colinas (Maranhão) e disse ser terceira marcha da qual participa. “A mulher brasileira tem sofrido muito. As conquistas que as mulheres alcançaram foram por meio da luta. A marcha mostra a força da mulher.”

O tema do protesto deste ano é “margaridas na luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência”. Na pauta também estão o combate à pobreza e o enfrentamento aos casos de feminicídios.

Margarida

O nome da marcha presta homenagem a Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de dez anos à frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo e pelos direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas.

A CTB, que tem grande representatividade no sindicalismo rural, teve uma participação destacada na marcha, que para o presidente da Central, Adilson Araújo, “faz parte da grande jornada de luta da classe trabalhadora e do povo em defesa da soberania, da democracia e dos direitos sociais, interligando-se neste momento com as grandes manifestações realizadas ontem em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal em defesa da educação pública e contra a reforma da Previdência”.

”O Brasil sofre uma política de desmonte nacional”, prosseguiu Araújo, “a economia já está em recessão técnica, com dezenas de milhões de desempregados e subocupados e o governo não move uma palha para solucionar os graves problemas que vivemos, impondo uma política reacionária que os agrava. Vamos continuar ocupando as ruas defendendo o desenvolvimento nacional com ênfase na preservação e ampliação do sistema de seguridade social, que compreende a Previdência, e constitui o maior programa de distribuição de renda do Brasil. Não podemos deixar que seja destruído.”

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